Tradução: Uma Conversa com Dalle Pendell






Olá!


Este texto é uma tradução de uma entrevista de Dale Pendell concedida para o site Dreamflesh. O título completo da entrevista é Magical Practice: A discussion with Dale Pendell.


Dalle Pendell é escritor e poeta e envolve muito das questões ambientais em seus escritos. Escreveu uma trilogia baseada no conhecimento e uso das plantas, especialmente relacionadas as plantas que podem ensinar algo para os seus utilizadores. Em seus livros ele conceitua as plantas como instrutoras, e essa relação de instrução através do uso é facilmente percebida nos relatos de práticas mágicas.


Agradeço muito ao apoio do site, Gyrus em especial (thank you!), que permitiu que essa tradução fosse feita e que os leitores possam aprender mais sobre a visão de Pendell sobre as plantas. Obrigado mais uma vez e obrigado também pela permissão.


To the english readers, it is possible to read it here: http://dreamflesh.com/interviews/dale-pendell/
Boa leitura a todos!


(Peço desculpas caso perceba que a tradução não ficou tão boa, mas tentei fazer o melhor que pude em meu pouco tempo livre para isso.)


Leonardo M. P.







Prática Mágica: Uma conversa com Dale Pendell


por Gyrus


Esta é a transcrição de uma pequena conversa com o poeta-botânico Dale Pendell, uma praticante de longa data do Budismo Zen e do ocultismo, um estudante do lendário intelectual Norman O. Brown, e — como dizem — um graduado do Dr. Hofmann. Aconteceu no World Psychedelic Forum na Basiléia, Suíca, em 23 de Março de 2008 (leia minah resenha, em inglês). Um pequeno grupo de pessoas que tinham acabado de assistir a palestra de Dale sobre Zen e psicodélicos se reuniu ao redor de uma mesa no saguão ocupado, e Dale criou uma bolha de atenção com seu discurso marcado, colorido.

Foto por Mark Pilkington



Você também pode baixar o MP3 completo (65MB). Não que eu tenha me incomodado de transcrever os questionamentos do grupo na íntegra, pois eles geralmente são difíceis de decifrar; mas a essência está aqui.


Os MP3s da palestra formal de Dale concedida no Fórum também podem ser encontrados na web: ‘Plant Teachers and the Path of Eve‘ and ‘Psychedelics and Zen Buddhism‘.

[Questão sobre quem ensinou o ocultismo a Dale Pendell em Los Angeles.]


Dale Pendell: O nome dele realmente não importa. Ele meio que escondeu seus rastros, porque ele sempre insistiu em não ter referências. Sempre que eu queria examinar as referências, como, “Onde você recebeu seu treino Zen, Carl?”. “Por que você pergunta? É isso que vai fazer você acreditar em algo que digo?” Então ele jamais me disse. Mas ele teve um instrutor particular. O que ele ensinava era a importãncia de um instrutor particular. O instrutor dele era uma mulher chamada Mary. E é até aí que eu conhece a transmissão. Mas fico com a sensação de um alto conhecimento sendo passado por esse caminho: através da relação das pessoas, com alguma evidente estrutura oculta.


Eu não sei como, mas ele era capaz de entrar e sair dos templos Zen como se ele pertencesse a eles. Ele era um artista, e se sentava com Suzuki Roshi em São Francisco, e eles apandilhavam-se como velhos amigos. Quando Trungpa chegou à cidade, eles apandilharam-se como velhos amigos também — ele foi seu motorista durante algum tempo. A todo lugar que ele ia, ele alivia as pessoas; ele dava permissão às pessoas. Ele constantemente violava o compartamento previsto, e ria muito. Eu aindo o considero o meu verdadeiro instrutor. Eu queria ser capaz de dar às pessoas permissão da forma como ele fazia.


Então, eu não posso falar de minha tradição oculta. Eu apenas sei que há transmissões de alto conhecimento.


[Questão sobre quais tradições específicas ou técnicas de prática mágica Dale Pendell usa.]


Muito eclético. Porém, eu certamente busca a teoria mágica geral, a dinâmica  e leis mágicas. Então eu procuro... quer dizer, eu lia Crowley, e Lévi... então, era difícil encontrar material, por volta dos anos sessenta.  Da tradição poética, tal como a tradição das canções encantadas dos Inuítes, onde os encantos são como feitiços. Eles possuem diferentes tipos de  canções; como um grupo de canções que você canta apenas pelo o prazer de ver o nascer do sol, ou a neve fresca sobre o chão ou algo assim. E há as canções de escárnio que você canta para zombar de alguém. E eles compartilham todas essas canções. Mas uma classe dessas canções eles não compartilhariam no “songfest”, e estas eram as canções encantadas. Canções encantadas eram feitas para mudar, como mudança do clima, renovação da sorte.


Então eu meio que combinei isso da forma que posso. Eu sinto o meu caminho dentro disso, percebendo, tentando sentir ou ver, sentir a presença em algum lugar.


Eu tenho uma história favorita. Um antropólogo estava falando com seu informante indígena à beira de um campo, e ele disse, “Então, posso supor que você pensa que todas aquelas pedras no campo estão vivas?” E o informante disse: “Não... mas algumas delas estão!”. A arte está no “algumas delas”, e descobrir quais.


Trabalhar com encantos, e lembrar que se você usa magia, você está vunerável a ela... É um trabalho muito delicado. Como María Sabina dizia, relações com os cogumelos são muy delicado — muito delicadas.


[Menção da caracterização de Dale Pendell, em sua palestra, do tabaco como um "diplomata".]


O tabaco é bom. Ele traz à tona algumas questões. Ou seja, todos nós somos do tipo racionais, educados. Qual diferença faria para o mundo deixar uma oferenda de tabaco na base de uma planta? Que diferença faria dizer uma oração antes de uma refeição? Como é que isso realmente mudará o mundo de alguma forma? De fato, talvez você possa apenas ignorar toda a refeição, e engolir uma pílula ou algo assim, e continuar com aquilo que é realmente important.


Talvez há algum grau de fé aqui. Que torna algo belo, algo adequado, que pareça colocar o mundo em equilíbrio, é algo que vale a pena e faz uma mudança no universo.


Eu tenho um poema sobre esse assunto. Na crítica poética e literária, eles possuem algo chamado de “falácia patética”. Falácia patética é quando você diz, “O céu estava chorando”. Dando emoções humanas às coisas inanimadas. Eu acho que eles não foram longe o suficiente. Por isso eu estou para o que eu chamo de falácia cóscmica. Este [poema] é chamado ‘Last Specimen’ (O Último Espécime), e trata da coleta das plantas, espremendo [????] espécimes.


In the bank of a gravely wash
Na margem de um grande charco
A mile from the road in Saline Valley
A uma milha da estrada no Vale Saline
I found the desert paintbrush.
Eu encontrei o pincel do deserto*.
Not a rare plant
Não é uma planta rara
Just one I didn’t have in my collection.
Apenas uma que eu não tenho em minha coleção.
The brilliant scarlet-tipped bracks of the inflorescence
O brilho escalarte da ponta que quebra de inflorescência
Were still enfolded.
Ainda estava envolto.
Kneeling down, I gently pulled them open
Ajoelhando-me, gentilmente eu puxa para abrí-las
To inspect the corolla
Para inspecionar a corola
And then saw, still a child.
E então vi, serena criança.
It’s not that anyone else would come by here
Não é que ninguém viria por aqui
But that you live to blossom
Mas tu vives para florescer
Alone, here, beneath an empty sky
Sozinha, aqui, embaixo de um céu vazio
Does mean that somewhere a soldier won’t die
Significa que em algum lugar um soldado não quer morrer
Or that on a dried planet somewhere in Cygnus
Ou que em algum planeta seco, em algum lugar em Cisne
It will rain.
Choverá.
And I return with an empty press.
E eu retorno com uma prensa vazia.


E todas as pessoas que viveram próximas da terra por um longo tempo parecem respeitar estes ritos e rituais. Eles sentem uma sensação de gratidão. Deus, como Nietzsche disse, é “Um sentimento de gratidão conveniente”. Nossa existência aqui repousa sobre muitas vidas que vieram antes de nós, gerações de pessoas. E não somente de pessoas; todos os tipos de seres que viveram, e sofreram, e morreram, e micro-organismos criados até mesmo no ar em que respiramos, e o solo, e tudo. Então cada dia de nossas vidas é um presente de incontáveis gerações que fornecem isso, em nosso benefício. Portanto, um sentimento de gratidão é certo, e é bom dar algo de volta. É bom ter um momento para fazer uma oferenda, ou uma palavra ou algo assim . Em última análise não acho que podemos provar isso. Mas eu digo, o outro lado não pode provar o seu caminho também. Tudo se resume a uma aposta. E a minha aposta está em um quadro verde, e fazer estas coisas, de encontrar uma forma de mover em nós mesmos a beleza, para mudar o mundo. É a única forma que podemos mudar o mundo.


Então, essa é uma longa forma de dizer que esse é o meu último fundamento de minha magia. [risos]


[Uma questão sobre Zen, psicodélicos, koans e cura.]


Voltarei a isso. Eu tenho mais um pensamento sobre magia, outro tipo de magia com a qual eu me envolvo. E estes encantos mudam as coisas. Eu o chamo de trabalho do demônio. Princípios de trabalho com demônios, conhecê-los. Tudo isso gira em torno desse negócio de diplomacia. Então, dê a eles um lugar para ir. Você pode fazer um pequeno santuário para seus demônios, e é bom se você puder nomeá-los. Eu tenho um chamado “She’ll Be Hurt” (Ela será machuda) que me impediu de fazer todos os tipos de coisas que não tinha nada com “ela” ou “dela”[?]. Então eu aprendi que ela tinha uma grande irmã chamada “She’ll Be Angry” (Ela ficará irritada). [risos]




Dessa forma eu invoco um ser chamado “The Great Fuck-You Bodhisattva” (O Grande Bodhisattva do 'Vá se Foder'). O The Great Fuck-You Bodhisattva se senta com seu dedo médio para cima, e ele parece com um macaco. Eu fiz um modelo de argila dele, ele tem grande unhas saindo de sua cabeça, e eu tenho este santuário com incenso para ele. Qualquer pessoa que tenha uma crítica interna pior do que eu tem ou que sair escrevendo, ou cometendo suicídio -- ou ambos! Então quando eu recebo vozes dizendo, “Você não é bom o suficiente para fazer isso”, eu vou até onde posso reconhecê-lo, e então “Aha!” Eu vou até o Great Fuck-You Bodhisattva, coloco uma vareta de incenso, e continuo com meus assuntos.


Eu até fiz um flagelo em um ponto, muito mau visto. Magia tem haver com mudança de realidade, então você faz manipulações físicas. Então eu fiz um flagelo, algo similar a esses do tipo nove rabos de gato com tiras de couro e torções, com pedaços de arame muito mau visto neles, e escrevi todos os tipos de coisa nele (na verdade em sangue), como, “Traga isso para a superfície”; ou “De qualquer modo você está fazendo isso a si mesmo”. E quando eu ia ter um ataque crítico, com todas aquelas vozes dizendo, “Você está um tanto fudido” ou “Você não pode fazer isso”… “Aha!” Eu pegava o flagelo. E então eu dizia, “Certo! Eu entendi! Obrigado!” [fazendo mímicas de como se estivesse batendo em si mesmo nas costas]


Eu vejo todas estas operações como operações mágicas. É um ótimo campo para ser criativo. Toda arte boa é magia. Toda magia é a melhor arte. Então você pode usar critérios estéticos para ajudar a encontrar seu caminho.


[Um questionamento sobre precauções necessários na "magia de desatamento/desassociação".]


Eu não tenho certeza se há um problema com desassociação. Desassociar não é exatamente algo como... Você pedir algo para si. É como soltar um pássaro. Acredito que a magia é perigosa quando você está tentando obter algo para si; isso é magia de atar. Ou tentar ferir alguém. Qualquer uma dessas coisas, a vibração, a cor dela é tão diferente, que você pode sentir isso imediatamente. A melhor magia de desassociação é invisível, não há nada que possa apará-la (fisicamente); você pode traçar cardo através dela. Esse é o objetivo, e chegamos tão perto quanto podemos. Geralmente nós acabamos com algo até que as coisas ainda possam ser pegas, agarradas; mas esse é o ideal.


[O questionador observa que na desassociação há resistência, que as coisas parecem preferir permanecer vinculadas, amarradas.]


[suspiros] Sim. [longa pausa] O oceano é salgado por causa das lágrimas de Kwan Yin, quando ela percebeu que não poderia salvar todos os seres. Isso é o que eu ouvi. Qualquer ser em tudo.


[Um retorno ao questionamento dos koans e cura, conselho sobre a prática do koan.]


Claro, serei severo. Faça a prática do koan de forma correta. Por que não aceitar algumas centenas de obstruções de imediato? [risos] Eles ajudam você a desobstruir! Koans são magníficos, embora exista uma série de equívocos sobre a prática do koan.  Assim como algumas pessoas pensam, eles realmente não possuem respostas, você apenas tem que fazer algo espontâneo, ou elas possuem estranhas idéias sobre as respostas. Mas há centenas deles, e muitos deles são muito específicos. Alguns têm realmente apresentações particulares. Talvez você irá com uma variação ou algo parecido, e seu instrutor dirá, [confiante, com um tom levemente de desprezo] “Sim, este é o ponto”. Então ele dirá, “Mas a resposta tradicional é assim e assado”. E você sempre vai pensar, “Ah, claro, era isso que estava certo”.


Eles são como um tipo de doce para o cérebro. Muito tentadores. Eless têm como objetivo absorver todo o seu poder de pensamento e mental, sua atenção. Isso não parece divertido? [risadas]


Nem todas as escolas Zen os utilizam. As escolas Soto não os utilizam de verdade, mas no Rinzain Zen e algumas da [????], há transmissão.


[Um questionador pergunta sobre koans e viagens (as trips utilizando enteógenos).]


Tal como se minha inteção para a viagem é resolver um koan? Eu não sei de nenhuma regra. Se você está trabalhando com um instrutor, ele dá a você um koan. Você volta para a sua almofada… “Ok, certo, som de uma mão, o que é isso?” Você volta ao seu instrutor, e você apresenta sua resposta. E ele provavelmente pensará, “Hmmm, volte para a almofada. Sente-se com isso mais um pouco”.


Alguns dos grandes instrutores trabalharam no primeiro koan por anos. Um estava prestes a se matar, tendo ele trabalhado com ele por sete anos. Todos os seus amigos já resolvido isso, sabe, todos eles estavam indo ser budistas em algum lugar. Ele estava prestes a pular de uma sacada ou algo assim... quando ele conseguiu. E então ele se tornou o grande Mumon.


Torna-se tão abrangente. Isso deve ser, uma boa prática; para onde está tudo o que você pensa, todo o tempo, tudo o que você está pensando. Isso é bom, essa é a forma que deve ser.


Então, viajar em um momento assim... Eu não sei. Não era o meu caminho. Talvez algumas pessoas conseguiram respostas dessa maneira. Salvia divinorum tem o melhor lance, eu acho. Mas o melhor é apenas voltar e focar nele, em sua almofada. Mas nunca se sabe, e não há regras nisso, no que funciona. Provavelmente é sábio tentar a forma que as pessoas já fazem durante há um bom tempo.


Laura Pendell: Ou isso é como a história que você contou sobre Gary [Snyder]. Ele apareceu com alguma resposta perfeita…


Dale Pendell: É, ele veio com a resposta perfeita, que é o que normalmente aparenta… Marijuana parece fazer isso, também. Você obtém “respostas perfeitas” — mas isso não é o ponto principal do koan.


Trabalhe nisso um pouco mais. [risada maliciosa]


[Questão sobre o uso de psicoativos na história budista.]


Chá. Eles fizeram uma aliança inicial. Na verdade, ainda é dito que o chá é as pálpebras do Bodhidharma. Ele adormeceu, e ele ficou tão transtornado que ele rasgou suas pálpebras para que não adormecesse novamente. Ele as jogou para trás de si e elas cresceram, tornando-se as primeiras plantas do chá.


[Alguém agradece Dale Pendell pelo fato de que seus livros introduziram os prazeres do chá.]


O fato interessante é que todas as grande religiões abandonaram qualquer uso de substâncias enteógenicas que elas já tenham utilizado. Às vezes eu penso sobre o motivo... Retornando e lendo relatos antigos de administração de psicodélicos, até mesmo Oscar Janiger, que reuniu centenas de relatos, faz questão de dar LSD para as pessoas pela primeira vez sem que elas soubessem qualquer coisa sobre isso, sem que elas soubessem o que esperar, pois ele estava coletando informação. Quase todo mundo se sentiu positivo quanto a isso. Cerca de um terço deles tiveram bad trips… eu não sei, é algo demorado, ele vai por todos os lados. Então encontramos diversos traços de substâncias enteógenas nas origens da religião, e nas religiões tribais, religiões xamâncias. Todas as escolas cosmopolitanas as abandonaram, exceto os saddhus. Quem mais?


[Uma mulher no grupo fala sobre encontrar motivação, sobre ter interesse na psicologia e escrever e ajudar o mundo, mas se sente perdida e sem direção. Ela começa a chorar no meio do relato, falando a Dale Pendell que ela sente que confia nele. Ela tem que apoiar sua família mas nada parece ter sentido, o mundo parece não ajudar ela.]


Talvez tentar algo desse material mágico? Deixe uma pequena oferenda de flores, ou tabaco em quatro pontos cardeais, ou em sua porta todos os dias. Não é preciso muito, como algum antigo já disse, para empurrar o mundo na direção correta. Só é preciso uma pequena ajuda, a sua. Não há nada que você tenha que escrever[?]. Apenas deixe uma pequena oferenda; algo que torna o mundo um pouco mais belo. Se pudermos sair sem tornar o mundo um pouco pior, nós saimos com sucesso. É tudo o que precisamos fazer, buscar uma forma de não tornar as coisas piores. É o suficientemente bom.


Adicione um pouco de beleza em algum lugar. Você perceberá. Está tudo certo para estar neste estado; é um bom lugar. É um lugar muito bom. Está bem aberto, e você está meio que esticado neste momento de abertura. Instrutores espirituais têm uma palavra para isso, eles chamam de acedia. É como a “noite escura da alma”, e é nesse ponto em que você não reconhece seu próprio caminho, seu próprio valor, apenas onde você está no processo espiritual. Mas é um ponto muito rico e fecundo. Então, estender-se para fora é... doloroso. Mas é muito bom. Algo muito bom, algo muito bom está para acontecer com você. Disponha uma boa oferenda; convite os bons espíritos: “Aqui estão algumas flores para vocês. Aqui estão algumas avelãs”. Eu não sei.


[Uma americana diz, “Você acha que o mundo não precisa de sua ajuda? Eu vivo em um país que precisa de muita ajuda”.]


[Uma questão sobre a relação dos efeitos psicoativos da papoula com a prática Zen.]


Uau! Essa é uma questão muito esotérica! Eu tenho que pensar sobre isso para fazer uma conexão; Tenho certeza que há uma forma de fazer isso... O que eu penso de como os efeitos alucinógenos das papoulas é como a cura para os gregos, e o templo de Apuleius, onde com uma bebida da papoula, as pessoas doentes poderiam ter sonhos e o sonho poderia revelar a eles porque eles estavam doentes.


Se você abordar corretamente  você sabe, você tem que caminhar através da no caminho correto, você não quer ofender os deuses. Novamente, é uma questão de propriedade do ritual. Confúcio compôs algo interessante sobre a propriedade do ritual  — qual é mesmo a palavra chinesa? Será que é li? Acho que é. É um dos fundamentos de seu próprio sistema como um todo, você quase pode sentir que é uma passagem — ao longo das tradições mais animistas. Propriedade do ritual. Mantenha tudo limpo com os espíritos — isso é o que você quer fazer. Essa é a lei mágica básica.


María Sabina com as folhas, e Eva no Paraíso Perdido, essa é a propriedade do ritual. Com as folhas da Salvia, isso se torna quase palpável. Se você tem hastes com algumas partes que estão sobrando, você não as jogaria em qualquer lugar, o que poderia ser um choque, sabe? Os grandes mestres floristas japoneses cavariam uma cova, cavariam um pequeno buraco em um lugar especial para colocar as velhas flores. Você não precisa colocá-las em qualquer lugar. E essa questão de propriedade do ritual é muito negligenciada por nossa cultura. Não há senso de presença... No mundo animístico há espíritos que vivem nos rios e árvores e rochas e lugares, pequenos recantos, este cantinho tem seu espírito. Povos que viveram próximos da terra por longo tempo parecem ter algum sentido da presença ao redor, e reconhecem que eles não querem ofender tal presença. Seria uma profonação. Nossa cultura tem uma maneira de mover tudo, retirando do ambiente e encaixotando no Kirche, na igreja, onde está limpo, onde há um espaço sagrado e vocẽ não pensaria em jogar lixo no chão da igreja. Isso é muito óbvio. Temos tudo embalado neste lugar especial, mas isso está em todos os lugares da Terra ao nosso redor. Essa questão das presenças é novamente um dos fundamentos principais de toda a magia xamânica. Você pode, por assim dizer, construir todo o sistema a partir daí. Reconhecendo que há presenças, você não vai querer ofendê-las, você quer mantê-las em equilíbrio, e tentar encontrar retidão.


Se você nem sempre sabe, você precisa utiliza algum meio de divinação. Divinação é outra arte negligenciada, é como uma área nebulosa. Ainda está em uma grande parte de nossa mundo, mas nós figimos como se fosse... Nós lançamos uma moeda em eventos esportiso - o que acontece primeiro? Isso era gazer a vontade dos deuses. O que os deuses têm a dizer sobre isso? Agora nós chamamos isso de “acaso”.


Quando você fala sobre usar tabaco, como você o utiliza? Como uma oferenda, ou fumando?


Você não precisa fumá-lo. Oferendas de tabaco são muito tradicionais; o tabaco percorreu rapidamente todo o mundo após Colombo.


[Uma questão sobre a indústria do tabaco e os aditivos químicos.]


Bem, você não pode olhar para mim pela minha pureza. [risos] Eu planto tabaco, e é muito bom plantar suas próprias plantas mágicas. Kat [Harrison] tocou em um ponto durante sua palestra [em seu campo de trabalho com os índios mazatecas no México] que com as medicinas sagradas, qualquer xamã deseja saber quem os tocou, de onde eles vêm, suas histórias. E fazendo objetos mágicos, os materiais, e a história dos material é algo muito importante. Você não quer ser desajeitado com isso, mas quanto mais você puder refinar, mas você poderá buscar as raízes, e mais poderosa a magia será, e provalmente a arte também será.


[Questão sobre o tabaco como oferenda.]


Sim, você pode utilizá-la como um purificador. Fume um pouco, queime em brasas e você pode limpar as coisas. Ele é muito famoso sendo utilizado como um limpador. Você pode limpar qualquer vibração nociva com o tabaco.


Outra boa utilização que descobri para limpar más vibrações com os chineses, são os fogos de artifícios. Quer mandar os maus espíritos para fora? Isso funciona. Mande todos eles para fora de uma vez!


Há uma grande riqueza de conhecimento, antigas formas diferentes das pessoas lidarem com as coisas. Muito disso é negligenciado, mas nós ainda podemos encontrar essas coisas verdadeiramente úteis.


E se o pensamento mágico vai contra seu caráter porque você foi instruído, e você não quer ser superticioso, veja isso como arte, utilize princípios estéticos. Veja isso como arte e teatro, e você poderá fazer a mesma coisa dessa forma.


[Questão sobre a propriedade mágica e espaço sagrado em ambientes densamente urbanos.]


Sim, é mais um desafio, mas você pode usar todos os mesmos princípios. Eu sou do tipo de “assento das calças” (improvisador), então eu comecei pendurando uma mil-folhas na porta. Algo parecido com isso. Na década de sessenta todos nós faziamos estes olhos dos deuses. Eu ainda tenho um — para mostrar o quão mau eu sou. Tenho certeza de que há muitas dessas pessoas que possuem material como esse. Em muitas partes do mundo as pessoas possuem todos estes encantamentos e amulentos para proteção contra o Mau-Olhado. Então, sim, comece com encantamento e amuletos. Eu gosto de mil-folhas, é boa.


Eu não sei o que fazer quanto ao som. Você pensadará em algo sobre isso[risos]

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