Samba de Roda pra São Cosme

Olá!

Essa semana, durante o tempo livre, visitei e li vários posts de um blog no qual existe um quantidade de informações bem interessantes sobre encantaria brasileira. É o blog de Luiz Antonio Simas. O post que estou transcrevendo aqui (com os devidos créditos, claro) é um dos posts que achei mais interessantes, de título Samba de Roda pra São Cosme. O autor criou o post para homenager os santos irmãos numa data próxima aos festejos deles.

Transcrevi o escrito por ver que o autor corresponde com o foco deste blog. Agradeço ao Luiz Simas pelo o escrito e estou adicionando o link dos dois blogs dele ao lado.

Abraços a todos.


SAMBA DE RODA PRA SÃO COSME
de Luiz Antonio Simas  

Sou devoto amoroso do Brasil e de seus encantamentos. Nesse ponto, e dou o braço a torcer, quem está certo é o velho compositor baiano - quem é ateu e viu milagres como eu... E nossos milagres, camará, são muitos, temperados por tambores e procissões; pela Virgem no andor, o caboclo na macaia e o preto velho no gongá.


Já escrevi em certa ocasião que somos os filhos do mais improvável dos casamentos, entre o meu compadre Exu e a Senhora Aparecida - a prova maior de que o amor funciona. E Tupã, que se vestiu com o cocar mais bonito para a ocasião, celebrou a cerimônia entre a cachaça e a água benta.


Uma das nossas mãos está calejada pelo contato com a corda santa do Círio de Nazaré - a outra tem os calos gerados pelo couro do atabaque que evoca as entidades. As mãos do Brasil e do seu povo.


Nossos ancestrais passeiam pela vastidão da praia sagrada dos índios de Morená, retornam à Aruanda nas noites de lua cheia, silenciam no Orum misterioso das almas e florescem encantados nas folhas da Jurema.


Os guerreiros de nossas tropas trazem a bandeira do Humaitá, o escudo de Ogum e o estandarte da pomba branca do Divino Espírito Santo - a mesma pomba que pousou na ponta do opaxorô de Obatalá. São essas as nossas divisas de guerra e paz; exércitos do Brasil.


E digo isso porque está chegando o dia de Cosme e Damião. Dia brasileiro dos santos estrangeiros e orixás africanos. Dia de igreja aberta, missa campal, terreiro batendo, criança buscando doce, amigos bebendo saudades e aconchegos. Dia de comer caruru na rua.


A tradição brasileira de Cosme e Damião é a mais festiva do mundo. O bom, nessas horas que antecedem as folganças dos santos gêmeos, é vadiar no clima da folia, tomando pinga e ouvindo umas cantigas bonitas sobre os protetores dos meninos, já que prometi colocar nesse espaço louvações aos médicos que não queriam dinheiro.


A hora, agora, é de bater samba de roda pra Dois-Dois, na palma da mão e no ponteio da tirana. Coloquei na rede a grande Mariene de Castro cantando para os meninos as cantigas mais bonitas que conheço em homenagem aos gêmeos. É de comover pedra!


Quando ouço Mariene vadiar pros santinhos, tenho forte desconfiança de que ainda morro um dia de tanta belezura do Brasil - um amor que não se explica, feito cachaça da boa, jabuticaba, sorvete de cupuaçu, beira de rio, gol do meu time, cerveja gelada, mulher amada, amigos do peito e caruru de Cosme.


E que no dia de cantar pra subir, um samba de roda desses me carregue ao encontro dos meus pela Noite Grande.


A casa é sua, Dois-Dois!

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